Dilma anunciará decisão sobre permanência da desoneração da folha em uma semana

Os empresários sugeriram um conjunto de ações de curto prazo em seis áreas para recuperar a produtividade das empresas e estimular os investimentos

Presidente Dilma e o presidente da CNI, Robson Braga de Andrade, com ministros e empresários

A presidente Dilma Rousseff se comprometeu a anunciar uma decisão sobre a permanência da política de desoneração da folha de pagamento no prazo máximo de uma semana. A informação foi dada na noite desta quinta-feira (22), pelo presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Braga de Andrade. "O ministro Guido Mantega está analisando a medida. Se a desoneração da folha for mantida, será mais fácil pedir a inclusão de outros setores", disse Andrade, depois do encontro entre Dilma e os ministros Guido Mantega, da Fazenda, e Mauro Borges, do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), com um grupo de 36 empresários, no Palácio do Planalto. 

Andrade antecipou, ainda, que a presidente pediu uma agenda de trabalho detalhada com as prioridades da indústria. As ações foram definidas em reunião dos líderes empresariais que integram o Fórum Nacional da Indústria antes do encontro no Palácio do Planalto. Os empresários sugeriram à presidente e aos ministros um conjunto de ações de curto prazo em seis áreas para recuperar a produtividade das empresas e estimular os investimentos. Essas áreas são: infraestrutura, políticas setoriais, legislação trabalhista, tributação, comércio exterior e política industrial. O objetivo do setor, segundo Robson Braga de Andrade, é a implantação e permanência de políticas que estimulem o crescimento. Ouça clicando aqui.

MODERNIZAÇÃO DO PARQUE INDUSTRIAL - Na área de política industrial, uma das propostas é a definição de financiamentos para modernização do parque industrial brasileiro, cuja média de obsolescência chega a 17 anos, enquanto que, em países ricos como a Alemanha é de apenas cinco anos. "A presidente sugeriu a criação de um grupo de estudo que reúna a CNI, o Ministério da Fazenda e o MDIC para entender melhor o tema e qual o impacto na produtividade da indústria", disse Andrade.  Com o objetivo de melhorar a política industrial, os empresários defenderam ainda a manutenção do Programa de Sustentação do Investimento (PSI), que financia a compra de bens de capital, caminhões e máquinas agrícolas e a revisão da política de conteúdo local. 

Os industriais alertaram ainda que a ampliação da participação do Brasil no comércio exterior depende da assinatura de acordos comerciais com outros mercados, além do Mercosul. Na área de infraestrutura, as prioridades são medidas que afastem eventuais riscos de oferta e de aumento de tarifa de energia e a aceleração das concessões. Entre as políticas setoriais, os empresários destacaram que é preciso aprovar a Lei de Acesso à Biodiversidade, que está parada há dois anos no Congresso Nacional. Também disseram que é necessária a regulamentação da compra de terras por estrangeiros e a destinação dos resíduos sólidos. 

Para modernizar as relações de trabalho, os empresários defenderam a permanência da política de desoneração da folha de pagamento e a revisão das Normas Regulamentadoras 10 e 12, do Ministério do Trabalho. As duas normas tratam da adequação de máquinas e equipamentos para garantir a segurança e a saúde do trabalhador, mas trouxeram insegurança jurídica para a indústria.

DESONERAÇÃO DA FOLHA DE PAGAMENTOS 
"Essa medida foi geradora de postos de trabalho e precisa ser permanente" - Synésio Batista da Costa, presidente da Associação Brasileira dos Fabricantes de Brinquedos (Abrinq). 

CONTEÚDO LOCAL 
"A presidente demonstrou especial interesse na questão do conteúdo local para todos os tipos de concessões públicas e no programa para modernização do parque fabril brasileiro" - Carlos Buch Pastoriza, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq). 

QUESTÕES TRABALHISTAS 
"Na área trabalhista, discutimos temas fundamentais para a competitividade e o investimento, que são as questões referentes às 40 horas semanais, à terceirização e às normas reguladoras nº 12 e nº 10, do Ministério do Trabalho, que vêm trazendo desconforto para a indústria. Os temas foram muito bem recebidos pela presidente" - Humberto Barbato, presidente da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee). 

COMÉRCIO EXTERIOR 
"Falamos com a presidente sobre a importância da simplificação das normas que regem o comércio exterior e sobre a necessidade de implementar acordos comerciais com outros países" - Luiz Moan Yabiku Junior, presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). 

RESÍDUOS SÓLIDOS 
"Precisamos de uma revisão da lei de resíduos sólidos. Como a lei se configura hoje, o produto é tributado em toda a cadeia, de forma que o produto reciclado é mais caro que o original" - Elizabeth Carvalhaes, presidente da Indústria Brasileira de Árvores (Ibá).

REINTEGRA - Na área tributária, os industriais propuseram a renovação do Reintegra, programa que devolve aos exportadores parte dos impostos pagos e melhora a competitividade das vendas externas do pais. Também sugeriram a ampliação do prazo de pagamentos dos impostos e a revisão dos prazos e dos valores mínimos para adesão das empresas ao  Refis, o programa de refinanciamento das dívidas fiscais. 

Além do presidente da CNI, participaram da reunião com Dilma Rousseff, 36  integrantes do Fórum Nacional da Indústria, órgão consultivo da diretoria da CNI, formado por presidentes de associações nacionais setoriais e de federações estaduais de indústrias. Entre eles estavam o presidente do Conselho de Administração da Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib), Wilson Ferreira Jr., o presidente da Associação Brasileira dos Fabricantes de Brinquedos (Abrinq), Sinésio Batista da Costa, a presidente-executiva da Indústria Brasileira de Árvores (Ibá), Elizabeth de Carvalhaes e o presidente da Associação Brasilera da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee), Humberto Barbato. 

O presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea),  Luiz Moan Yabiku Junior, e o diretor da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), Carlos Pastoriza, também estiveram presentes. 

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