Tendência Mundial, preocupação ambiental afeta modo de produção

Participação das fontes renováveis, como hidro, solar e eólica, na matriz energética deve crescer

"Nossos consumidores têm com consciência ambiental", diz Barbara Mattivy

"Produzir sapatos veganos é uma forma de diminuir os níveis de detritos poluentes gerados pela indústria da moda”, afirma Barbara Mattivy, dona da Insecta Shoes. Com a produção no Rio Grande do Sul, a empresa, criada em 2014, conquistou clientes nos Estados Unidos, no Canadá, na Alemanha, na França e na Espanha, além do Brasil. Segundo ela, muitos consumidores têm preocupação com os impactos ambientais e levam isso em conta no momento de comprar seus produtos. 

Mais do que um modismo, a preocupação com os impactos ambientais é um movimento mundial, conforme o estudo Tendências Mundiais e Nacionais com Impacto na Indústria Brasileira, que foi usado como subsídio para a elaboração do Mapa Estratégico da Indústria 2018-2022. O estudo mostra que as preocupações com as mudanças climáticas e o uso de produtos menos poluentes estão se intensificando e medidas de enfrentamento desses problemas já fazem parte das pautas legislativas dos países, mas ainda não foram obtidos avanços significativos, do ponto de vista global, para reduzir a emissão de gases do efeito estufa.

De acordo com a pesquisa, “está em curso uma corrida tecnológica entre países para o desenvolvimento de fontes de energia renovável e novas oportunidades de atuação na chamada economia verde”. Além disso, “verifica-se uma crescente mudança nos padrões de consumo, com consumidores mais preocupados com os impactos ambientais dos produtos e seus processos produtivos”. Segundo o estudo, os resultados do Acordo de Paris, assinado, em 2015, por 193 países, não são suficientes para conter o crescimento do aquecimento global abaixo dos 2°C até o final do século.

Em relação à implantação de um imposto sobre a emissão de carbono, essa possibilidade segue indefinida, assim como restam dúvidas quanto ao impacto final da saída dos EUA, segundo maior emissor de CO2 do mundo, do Acordo de Paris. A Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial (Unido) calcula que, mundialmente, as mudanças climáticas provocaram perdas da ordem de 1% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2010. Nos países em desenvolvimento, essas perdas foram significativamente maiores, aproximando-se de 7% do PIB.

 A intensificação dos impactos ambientais e o aumento dos riscos econômicos a eles associados estão provocando uma corrida tecnológica em direção à economia de baixo carbono, que afetará a economia de todos os países nos próximos anos. Assim, a médio e longo prazos, a tendência dominante será a ampliação da participação das fontes renováveis (hidro, solar e eólica) na matriz energética mundial, com
consequente redução da participação de carvão e petróleo.

Essas mudanças trazem desafios e oportunidades. Os desafios mais relevantes estão associados ao aumento da eficiência energética, à redução de emissões e, principalmente, às mudanças estruturais trazidas tanto pelas alterações no padrão de demanda quanto pelas novas rotas tecnológicas adotadas nos principais setores industriais dos países líderes. Além disso, a redução na oferta de recursos hídricos torna mais relevantes a gestão e a otimização da água por parte do segmento industrial.

“Também fazemos sapatos de roupa vintage e tecidos com fio de garrafa pet. Uma das nossas missões é disseminar práticas sustentáveis”.

Para os governos e as empresas, há ainda a necessidade de apoiar e investir no desenvolvimento industrial e tecnológico de outras fontes de energia renováveis – especialmente solar e eólica – de modo a capturar oportunidades de fortalecer a base industrial de suprimento de equipamentos desses segmentos. Na hipótese de que cresçam as exigências de rotulagens ambientais, o Brasil pode ter um diferencial nessa área por ter uma matriz energética considerada das mais limpas e diversificadas do mundo, resultando em uma menor pegada de carbono dos produtos fabricados no país.

Ainda do ponto de vista internacional, o crescimento da Indústria 4.0, que combina automação com as tecnologias digitais na indústria, como o uso de sensores e equipamentos ligados em rede, conectando o mundo real e o virtual, possibilita a melhoria da eficiência operacional e a redução de custos. Além disso, torna possível a flexibilização das linhas de produção, o encurtamento de prazos de lançamento de produtos e a introdução de novos produtos, serviços digitais e modelos de negócio.

Estima-se que somente a introdução da Internet das Coisas (IoT) no tecido produtivo industrial tem o potencial de gerar, até 2025, receitas, em nível mundial, entre US$ 3,9 trilhões e US$ 11 trilhões. Conforme estudo divulgado em 2015 pela consultoria McKinsey, o impacto se deve à possibilidade de essa tecnologia permitir a redução significativa dos custos de manutenção de equipamentos (podendo variar entre 10% e 40%) e do consumo de energia (variação entre 10% e 20%), além de contribuir para o aumento da eficiência do trabalho (variação entre 10% e 25%). 

Entre as tendências nacionais, a necessidade de novas reformas econômicas e institucionais, com pressão para reduzir o papel do Estado como motor do desenvolvimento econômico, exige melhorias no ambiente de negócios e nos determinantes institucionais da competitividade, que podem estimular a elevação da produtividade da indústria. Outros fatores que podem favorecer a competitividade industrial envolvem a reforma tributária e a redução do custo de capital.

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