Indústrias têxtil e de alimentos priorizam uso eficiente de recursos

Consumo menor de água e energia, reciclagem e investimentos para alcançar metas sociais são realidade nos dois setores. Confira na 7ª reportagem do especial Indústria Sustentável

O reaproveitamento de resíduos, a eficiência energética e o uso racional da água estão entre práticas bem disseminadas nas indústrias alimentícia e têxtil do país. É o que mostram os estudos Sustentabilidade na indústria de alimentação, feito pela Associação Brasileira da Indústria de Alimentos (Abia), e O setor têxtil e de confecção e os desafios da sustentabilidade, elaborado pela Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit).

Os documentos integram a série de 14 publicações setoriais apresentadas na sexta edição do evento CNI Sustentabilidade e que mostram os avanços na indústria para atingir metas dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), da Organização das Nações Unidas (ONU).

Independentemente das ações setoriais para fazer frente à legislação que institui a logística reversa de embalagens, o setor de alimentos está incorporando os conceitos da economia circular, na qual o ciclo de vida do produto é pensado inteiramente, e não apenas até a sua comercialização. Exemplos são a redução da quantidade de plástico em garrafas de água e de papelão nas caixas de inúmeros produtos, o uso de materiais biodegradáveis, a adoção do plástico verde, feito de etanol, nas garrafas de refrigerante, a inclusão de plásticos reciclados nas garrafas e em outras embalagens e a diminuição dos tamanhos das embalagens. 

Uma empresa que investiu na redução das embalagens é a Coca-Cola. O peso das garrafas PET diminuiu entre 4% e 27%, o que contribuiu para o menor consumo de matéria-prima de petróleo e redução dos resíduos gerados. As embalagens reutilizáveis evitam a produção de 70 milhões de garrafas novas por ano.

Em relação ao consumo de água, as unidades brasileiras têm se tornado referência global para as multinacionais do setor alimentício. A Cargill, por exemplo, diminuiu o consumo de água por produção em 14% entre 2010 e 2015, superando com folga a meta mundial de reduzir a intensidade de consumo em 5% até 2020. Na Bunge, cuja meta global era de diminuir 3% no consumo de água entre 2013 e 2016, o Brasil atingiu 9,92% de redução já em 2015. Em cinco anos, a Unilever conseguiu uma diminuição no consumo em 30% no país.

Mesmo com o crescimento da produção entre 2011 e 2015, a indústria de alimentação reduziu o consumo total de energia em 6,6% entre 2011 e 2015. Isso fez com que a participação da indústria de alimentos no consumo energético total do Brasil caísse de 9,4% para 8,2% no período.

Um outro projeto que reforça a seriedade da indústria em relação a melhores práticas de sustentabilidade é o Guia Técnico Ambiental da Indústria Têxtil, que, desde 2009, orienta empresas do segmento para uma Produção Mais Limpa, conceito que foca na eficiência de processos, produtos e serviços.

Dando continuidade a esse engajamento e pensando na importância da avaliação de desempenho em temas como governança, responsabilidade social e ambiental, o Texbrasil, Programa de Internacionalização da Indústria da Moda Brasileira, desenvolvido pela Abit em parceria com a Apex-Brasil, lançou, neste ano, o Tex Index Brasil. Trata-se de uma ferramenta capaz de mensurar o nível de maturidade em sustentabilidade das empresas. Após o preenchimento de um autodiagnóstico, o respondente recebe um plano de ação exclusivo, que também visa a melhoria contínua dos processos.

Além disso, o setor têxtil está fortemente comprometido com metas sociais para o trabalho justo e geração de renda na cadeia. Uma das mais importantes iniciativas é a parceria público privada entre Abit, Organização Internacional do Trabalho (OIT) e Associação Brasileira do Varejo Têxtil (Abvtex), financiada pelo Instituto C&AInstituto Lojas Renner e pela Zara Brasil. A parceria trabalha na promoção de melhorias das condições de trabalho e gestão de negócios em oficinas de costura no estado de São Paulo, visando a regularização das relações trabalhistas, assim como o aumento da produtividade.

SETOR TÊXTIL – A eficiência energética é um dos temas prioritários para o setor têxtil. De acordo com dados do Balanço Energético Nacional de 2016, o segmento usa, principalmente fontes renováveis na geração de energia. Segundo a Abit, ainda que tenha parcela de apenas 0,3% no consumo total de energia do país, a indústria têxtil monitora o consumo de energia para priorizar fontes renováveis e reduzir o uso de energia fóssil.

Assim como o consumo mais sustentável de energia, a reciclagem também é um assunto importante em toda a cadeia. O resíduo têxtil pode ser facilmente reaproveitado para a produção de novos artigos e, para que o reuso ou reciclagem do material seja cada vez mais viável, a Abit defende incentivos tributários às empresas que usam a matéria-prima.

O setor é um dos que mais trata seus efluentes e mantém um contínuo esforço para redução e reuso de água em sua produção. Exemplo disto foi a criação, em 2015, de um processo inovador de lavagem de denim que pode reduzir, em até 100%, o consumo de água.

O TexBrasil tem proporcionado resultados positivos para diversas empresas. Para Alexandre Cobra, CEO da marca de beachwear de luxo Adriana Degreas, a ferramenta ajuda a empresa a adquirir importantes certificações internacionais e, consequentemente, alcançar bons resultados. “A ferramenta sugere uma conexão muito interessante sobre a importância da sustentabilidade e da inovação tanto para aspectos sociais como para aspectos relacionados aos resultados de negócios das empresas”, conta.

Segundo o diretor-executivo do Texbrasil, Rafael Cervone Netto, a preocupação em produzir de maneira mais sustentável passou a ser assunto prioritário no meio industrial. Ele explica que adotar essas práticas não se limitam ao campo ambiental e social, mas permite com que se antecipem os riscos, reduzam-se custos e identifiquem-se novas oportunidades de negócios.

“Organizações que adotam a sustentabilidade em sua cultura e em suas práticas empresariais estão mais preparadas não somente para competir no mercado interno, como têm grandes chances de se tornarem importantes competidoras no cenário global”, destaca.

SAIBA MAIS - Faça o download dos documentos que apresentam as ações da indústria brasileira para o desenvolvimento sustentável, divididos por setores de atuação, no site do CNI Sustentabilidade.

SÉRIE COMPLETA - Acompanhe a série Indústria Sustentável na página do especial da Agência CNI de Notícias.

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