Forte presença de fontes renováveis coloca a matriz elétrica brasileira entre as mais limpas do mundo

Veja na primeira reportagem do especial Indústria Sustentável que o Plano Decenal de Energia 2015-2024 prevê continuidade da liderança de fontes renováveis na matriz elétrica do país, puxada pela hidráulica, mas com crescimento significativo de outras fontes, como a eólica

Com a elevada participação de fontes renováveis na sua matriz elétrica, o Brasil foi responsável por apenas 1,5% das emissões mundiais de gases de efeito estufa se considerarmos somente a produção e uso de energia. A energia hidráulica é a fonte com maior capacidade instalada para geração de eletricidade, de quase 70%, seguida das termelétricas a combustíveis fósseis (15%) e da biomassa (8,3%).

No Plano Decenal de Energia 2015-2024, a previsão é que se mantenha a liderança das fontes renováveis na matriz elétrica, mas com uma redução da participação da hidráulica, para 56,7% em 2024, e crescimento de outras fontes renováveis, principalmente a eólica.

Essas são as principais contribuições do setor elétrico para a agenda de desenvolvimento sustentável, segundo o estudo A evolução do setor elétrico brasileiro rumo à sustentabilidade, que integra a série de 14 publicações setoriais do projeto CNI Sustentabilidade.

Responsável por 2,2% da produção mundial de energia eólica, o Brasil é o nono país que mais gera energia elétrica com essa fonte, segundo o relatório da Global Wind Statistics (GWEC). Essa deve ser a fonte de energia renovável alternativa que mais se expandirá, saltando de uma participação de 3,7% na matriz elétrica brasileira, em 2014, para 11,6%, em 2024. A fonte solar deverá ter participação de 3,3% na matriz de eletricidade em 2024.

"O setor energético é uma das principais molas propulsoras do desenvolvimento e da melhoria de qualidade de vida da população" - Ênio Fonseca, presidente do Fórum de Meio Ambiente do Setor Elétrico (Fmase)

O Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica (Proinfra) foi essencial para o desenvolvimento da energia eólica no Brasil. Além de financiamento de 80% dos projetos pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), estabeleceu-se ainda exigência de um mínimo de 60% de conteúdo nacional nos projetos contratados pelo programa, o que permitiu o surgimento de uma cadeia de fornecimento de equipamentos e serviços que contribuem para a redução dos preços da energia eólica nos últimos anos.

"Cada tipo de fonte de energia tem sua aplicação e lugar na matriz energética. A escolha deve considerar as especificidades locais e o custo de oportunidade socioeconômica e ambiental, e uma decisão de governo ouvida a sociedade quanto ao modelo energético que se deseja", afirma o presidente do Fórum de Meio Ambiente do Setor Elétrico (Fmase), Ênio Fonseca.

O Brasil é o nono país que mais gera energia elétrica eólica, explica o presidente do Fmase, Ênio Fonseca

EFICIÊNCIA ENERGÉTICA – No estudo, também é destacada a importância da eficiência do consumo da energia para atendimento à demanda futura de energia pela sociedade brasileira. De acordo com Plano Nacional de Energia, a contribuição de ações de eficiência energética deve ser de 20% até 2050, o que equivale a 120 milhões de toneladas equivalente de petróleo.

Um dos setores que vem dando exemplo em iniciativas de eficiência energética é o de alumínio, sempre buscando a redução do consumo de energia, principalmente, na produção do metal primário, que é a etapa eletrointensiva da cadeia. A grande vantagem da cadeia do alumínio está na etapa de reciclagem. No estudo A sustentabilidade da indústria brasileira de alumínio, que integra a série do projeto CNI Sustentabilidade, destaca-se que a reciclagem do alumínio gera um “banco de energia” para as futuras gerações, uma vez que se estima que mais de 75% do alumínio até hoje produzido no mundo ainda esteja em uso, reciclado inúmeras vezes.

"40% da demanda brasileira por alumínio são supridos por material reciclado" - Milton Rego, presidente-executivo da Associação Brasileira do Alumínio

Com esse alto nível de reciclagem do alumínio, tanto nos usos industriais como nos usos domésticos, principalmente em embalagens de alimentos e bebidas, o Brasil desenvolveu uma estrutura de logística reversa bastante eficiente. Para isso, foi necessário o trabalho conjunto da indústria de reciclagem e as cooperativas responsáveis pela coleta do material. “O resultado é que 40% da demanda brasileira por alumínio são supridos por material reciclado, percentual significativamente maior do que a média mundial”, explica  Milton Rego, presidente-executivo da Associação Brasileira do Alumínio (Abal)

As latas de alumínio para bebidas, cujo consumo médio anual por brasileiro é de 117 latas, é o principal produto reciclado no país, respondendo por quase 50% do volume de sucata de alumínio recuperada anualmente. O índice nacional de reciclagem de latas para bebidas atingiu 97,9%, em 2015.

Ao considerar a relação entre a sucata recuperada e o consumo doméstico de produtos de alumínio, o Brasil está  acima da média dos principais países consumidores do metal, com 46% de reciclagem ante 27% nos outros países. “A soma desses dois fatores – alto índice de reciclagem e produção de metal primário a partir da hidroeletricidade – faz com que os produtos de alumínio fabricados no país, com metal brasileiro, tenham uma pegada de carbono menor, destaca o estudo.

SAIBA MAIS - Faça o download dos documentos que apresentam as ações da indústria brasileira para o desenvolvimento sustentável, divididos por setores de atuação, no site do CNI Sustentabilidade.

SÉRIE COMPLETA - Acompanhe a série Indústria Sustentável na página do especial da Agência CNI de Notícias.

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