CNI propõe acordo de livre comércio entre Mercosul e Irã

Para a indústria, rede de tratados bilaterais vai garantir regras mais estáveis para comércio e investimentos, além de contribuir para concretizar investimentos e cooperação em setores de média e alta tecnologia

"Devemos priorizar a agenda econômica, de comércio exterior e de investimentos com o Irã" - Paulo Tigre (a direita), com Mohammad Javad Zarif

A Confederação Nacional da Indústria (CNI) incluiu o Irã como uma das prioridades na Agenda Internacional da Indústria 2018, no esforço de ampliar os vínculos institucionais com o país. Desde a retirada progressiva de sanções contra o Irã, há dois anos, o setor privado brasileiro se encontrou com o governo e empresários do país em três momentos para fortalecer as relações econômicas, comerciais e de investimentos.

“A CNI considera que, neste momento, devemos priorizar a agenda econômica, de comércio exterior e de investimentos com o Irã. E o início das negociações para a celebração de um acordo comercial entre o Mercosul e o Irã é um dos temas mais importantes”, disse o vice-presidente da CNI e presidente do Conselho Temático de Integração Internacional, Paulo Tigre. Ele participou da abertura do Seminário de Relações Econômicas e Comerciais Brasil-Irã, nesta terça-feira (10), na sede da CNI em Brasília. 

A indústria defende, ainda, o início de negociações de Acordo de Cooperação e Facilitação de Investimentos (ACFI) e de Acordo para Evitar a Dupla Tributação, para assegurar regras mais estáveis para as empresas dos dois países. Segundo Paulo Tigre, há diversas oportunidades de comércio, investimentos, integração e de cooperação ainda não exploradas, em segmentos como energia, indústria de defesa e automotivo. 

O ministro da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC), Marcos Jorge, afirmou que é possível desenvolver projetos conjuntos, com benefícios mútuos, em setores tão diversos como máquinas e equipamentos, petróleo e gás, mineração, petroquímica, aviação, autopeças, maquinário agrícola, equipamentos médicos e alimentos processados. 

“Notamos que o Irã tem buscado modernizar seu parque industrial e sua infraestrutura, para o que – tenho certeza – tenha no Brasil um parceiro de primeira hora. O setor produtivo brasileiro se prontifica certamente a suprir a demanda iraniana por máquinas, equipamentos e serviços, assim como para a realização de investimentos nas diversas áreas”, disse o ministro. 

De acordo com o presidente da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (APEX-Brasil), embaixador Roberto Jaguaribe, atualmente há o ressurgimento de práticas protecionistas e restritivas ao comércio, com questionamentos às regras multilaterais de comércio. “O Brasil se empenha para evitar retrocessos. Somos pragmáticos neste momento: queremos assegurar maior inserção de nosso país no mundo, estabelecendo, para isso, parcerias da mais alta confiança”, garantiu. 

LADO IRANIANO – Liderando comitiva de 60 empresas industriais ao Brasil, o chanceler iraniano Mohammad Javad Zarif, disse querer passar de uma relação comercial simples, concentrada na exportação e importação de poucos produtos, para uma relação econômica diversificada com o Brasil. Zarif garantiu que o país é um parceiro seguro para investimentos no Oriente Médio, Ásia Leste e EuroÁsia. 

Zarif disse procurar uma saída à falta de financiamento direto entre Brasil e Irã. No momento, bancos brasileiros resistem a manter um relacionamento financeiro com Teerã, por medo de sofrer punições dos Estados Unidos. “O Brasil pode ser a porta de entrada do Irã na América do Sul. Mas os dois governos precisam facilitar a relação econômica e financeira entre os dois países. Uma forma de cooperação é o uso de moedas locais. Acredito que os bancos centrais dos dois países podem chegar a um acordo para nossas trocas”, afirmou o chanceler iraniano. O Irã abriu linha de crédito de US$ 1,2 bilhão para quem quiser exportar para o Brasil. 

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