SENAI vai desenvolver primeiro satélite da indústria nacional

Instituto SENAI de Inovação em Sistemas Embarcados, em Santa Catarina, e a empresa Visiona Tecnologia Espacial assinaram convênio nesta segunda-feira (21)

Roberto de Medeiros Jr (Instituto da Indústria/FIESC), Schmitt (FIESC), Campos (Visiona), Guimarães (Embrapii) e Maurício Cappra Pauletti (diretor técnico do SENAI)

Em uma parceria inédita, o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) e a Visiona Tecnologia Espacial, joint-venture entre a Embraer Defesa e Segurança e a Telebras voltada para a integração de sistemas espaciais, se unem para projetar e construir o primeiro nanosatélite brasileiro de alta resolução espacial e coleta de dados de estações hidrometeorológicas e para projetos de Internet das Coisas (IoT).  

O satélite também servirá de laboratório para o desenvolvimento e validação de tecnologias espaciais desenvolvidas pela Visiona e SENAI, com destaque para os softwares de navegação, guiagem e controle, de supervisão de bordo e de rádio definido por software, as principais lacunas tecnológicas da indústria espacial brasileira atualmente. O projeto é orçado em R$ 12 milhões e será executado em parceria com o Instituto de Inovação em Sistemas Embarcados, em Florianópolis. A parceria com a Visiona foi formalizada nesta segunda-feira (21), na sede do Instituto.

"Estamos dando um verdadeiro salto tecnológico. Pela primeira vez uma entidade do setor privado vai fazer o desenho e o projeto de um satélite nacional", destacou Glauco José Côrte, presidente da Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina (FIESC). Ele destacou o pioneirismo da parceria no contexto do setor aeroespacial, em que os projetos tradicionamente são desenvolvidos dentro da estrutura estatal - universidades públicas, instituições de pesquisa e Forças Armadas. "Esse é um projeto 100% do setor privado, que abrirá novas perspectivas e oportunidades para o desenvolvimento tecnológico do Brasil."

O PROJETO - O equipamento terá a dimensão, em centímetros, de 10x20x30 (por isso é tecnicamente chamado de nanosatélite), dará uma volta à Terra a cada hora e meia, numa órbita de 600 quilômetros (pouco mais que a distância em linha reta entre os extremos Leste e Oeste de Santa Catarina).

O satélite vai coletar imagens e informações ambientais, em especial em relação à qualidade da água. A câmera de alta resolução do equipamento será capaz de gerar imagens de sensoriamento remoto, com qualidades geométrica e radiométrica confiáveis, permitindo sua utilização em aplicações como agronegócio/agricultura de precisão, meio ambiente/monitoramento de desmatamento, desastres naturais/enchentes e deslizamentos de encostas, Cadastro Ambiental Rural, entre outros. Desta forma, será possível, durante a fase de testes de operação, realizar estudos em parceria com o Governo do Estado de Santa Catarina para experimentos ligados ao tema de cidades inteligentes e de sua interligação, na forma de Estado Inteligente. 

“Este projeto de pesquisa aplicada permitirá à Visiona projetar e produzir satélites funcionais de baixa órbita na fronteira tecnológica. Com isso, teremos novos empregos criados no setor de alta tecnologia e de alto valor agregado, de forma a gerar tecnologias que serão transbordadas às outras indústrias nacionais, novos negócios com base nos serviços da Visiona e também melhoria da produtividade agropecuária e industrial em geral", disse o diretor do Instituto SENAI de Inovação em Sistemas Embarcados, André Pierre Mattei.

ALÉM DA TECNOLOGIA - O Instituto SENAI de Inovação desenvolverá a estação de terra e os softwares de integração do computador de bordo com os diversos componentes embarcados (câmeras, sensores, entre outros), além de realizar experimentos durante a operação. A instituição catarinense também trabalhará no desenvolvimento dos sensores que ficarão em terra para a coleta das informações que serão recolhidas pelo satélite.

“O SENAI se expõe ao que há de mais moderno em termos de tecnologia. O satélite é grande demandante de tecnologia e isso vai trazer uma enorme capacidade para os nossos pesquisadores, o que vai transbordar para outros projetos e incrementar o nível da indústria catarinense e nacional”, avaliou Pierre Mattei.

O presidente da Visiona, João Paulo Campos, considera o projeto fundamental. “Vai validar tecnologias que a empresa já vem desenvolvendo há cerca de quatro anos, são inéditas no país e que são absolutamente necessárias para os próximos projetos espaciais do Brasil, não só na questão de nanosatélites, mas também em grandes satélites, em grandes projetos, como a observação da Amazônia”, destacou.

Para ele, a indústria espacial só é viável com parceria com institutos de pesquisa. “Quando se tem menos recursos, conseguir sinergia entre todos os elementos é mais importante.  O SENAI se mostrou um parceiro altamente pró-ativo e capaz”, acrescentou. 

EMBRAPII - O convênio assinado nesta segunda prevê aporte de R$ 7,8 milhões com apoio da Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii). O restante será integralizado pela Visiona e pelo próprio SENAI. Este é o primeiro projeto Embrapii do Instituto de Sistemas Embarcados, cujo credenciamento foi aprovado no final de 2017.

“O Brasil precisa dessa tecnologia e desse instrumento, temos competência para fazer isso, como está demonstrado aqui no Instituto SENAI”, afirma o presidente da Embrapii, Jorge Almeida Guimarães. “Temos certeza de que este será apenas um primeiro satélite e que teremos vários satélites lançados a partir da tecnologia brasileira”, afirmou, observando que muitos setores da economia necessitam de serviços prestados com apoio da indústria espacial. “Um deles é o do campo, da agricultura, no qual um dos grandes problemas é a conectividade. Os satélites servirão não apenas ao agronegócio, mas também às escolas rurais”, declarou.

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