Formação em audiovisual no SENAI aumenta por demanda do mercado de trabalho

Em cinco anos, as matrículas em cursos técnicos ligados à produção audiovisual aumentaram 156,4%

Nos bastidores das filmagens de filmes ou produtos de vídeo e a equipe de filmagem da equipe de filmagem no set no pavilhão do estúdio de cinema.

O número de matrículas em cursos do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) ligados à produção audiovisual aumentou 156,4%, saindo de 687 para 1.762 entre 2019 e 2023. Novas formações foram ofertadas durante esse período, com muita buscas nas áreas de editor de vídeo, produção audiovisual, operador de câmera, operador de áudio e eletricista de audiovisual. Esses números desconsideram os cursos de moda que somam, sozinhos, mais de 8,7 mil matrículas no último ano.

No Brasil, três a cada quatro empresas de audiovisual encontram dificuldades na contratação de mão de obra. Além disso, a falta da qualidade técnica dos profissionais é apontada como um dos principais desafios por 64,3% das instituições. Os dados são do “Estudo de Demanda Profissional do Setor Audiovisual”, elaborado, em 2024, pela Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (FIRJAN), em parceria com o Sindicado Interestadual da Indústria Audiovisual (Sicav).

A alta demanda por profissionais é reflexo da expansão do mercado nacional. Nos dois primeiros meses de 2024, a receita dos filmes brasileiros ultrapassou a marca dos R$ 78 milhões, mesmo com diversos indicados ao Oscar 2024 estreando no Brasil no mesmo período. Os dados da Agência Nacional de Cinema (Ancine) mostram que esse valor supera a receita e o público total dos filmes nacionais durante todo o ano de 2023. 

Vale destacar que com a sanção da Lei 14.814, também conhecida como Cota de Tela, que determina a obrigação da exibição de filmes brasileiros nas salas de cinema até 2033, a tendência é que esse avanço seja contínuo.

Conheça as profissões técnicas e tecnológicas do cinema!

Além dos profissionais de áreas criativas, como atores e roteiristas, a indústria cinematográfica depende de trabalhadores de diversas áreas técnicas e tecnológicas, como eletricistas especializados em audiovisual e operadores de câmera e áudio. Um levantamento feito pelo Observatório Nacional da Indústria, da Confederação Nacional da Indústria (CNI), aponta que algumas dessas ocupações ganharão mais destaque nos próximos anos, como:

  • Desenvolvedores de realidade virtual e realidade aumentada, que criam experiências mais imersivas e interativas;
  • Tecnólogos audiovisuais de imersão, profissionais focados na qualidade da experiência, trabalhando com funções de resolução 8K e gráficos avançados;
  • Operadores de drone para gravação externa, capazes de capturar imagens aéreas de forma dinâmica; e
  • Artistas de animação 3D hiper-realistas, responsáveis por criar, principalmente, efeitos especiais que se pareçam ao máximo com a realidade.

“O crescimento do número de profissionais qualificados nesse setor – principalmente em áreas mais técnicas e tecnológicas – será um dos fatores cruciais para a expansão da produção nacional. É por isso que o SENAI está atento às demandas do audiovisual e investe, cada vez mais, em cursos alinhados com o constante avanço tecnológico desse mercado”, avalia o superintendente de Educação Profissional e Superior do SENAI, Felipe Morgado.


A área de audivisual vai criar novos empregos 

Segundo dados da PNAD contínua para o 4º trimestre de 2022, a economia criativa – que abrange as profissões audiovisuais – representa 3,11% do PIB brasileiro e emprega 7,4 milhões de trabalhadores no país. Até 2030, o total de trabalhadores na área deve subir para 8,4 milhões. A expectativa é de que um a cada quatro novos empregos criados nos próximos anos seja em setores e ocupações da economia criativa.

“É importante enxergarmos esse movimento. Com mais trabalhadores qualificados nesse setor, a produção nacional ganhará, cada vez mais, em qualidade técnica. Esse aprimoramento pode ecoar, inclusive, na exportação dos produtos nacionais”, finaliza Felipe Morgado.

Câmeras profissionais, iluminação de led e fios

Primeira qualificação e muitos objetivos

Sophia Moreira, estudante do 3º ano do ensino médio, está entre os alunos de cursos ligados à produção audiovisual. O fascínio pelo cinema vem desde à infância quando costumava assistir, principalmente, animações. Com o passar do tempo, se interessou cada vez mais por filmes e outras expressões artísticas. Em 2022, aos 15 anos, decidiu iniciar uma formação paralela ao ensino médio e, motivada por seu hobbie, decidiu realizar o curso técnico em Produção de áudio e vídeo no SENAI-RJ.


“Eu sempre tive mais afinidade com arte e a escolha do curso foi guiada por esse interesse. Assim, eu me encontrei profissionalmente no audiovisual. A formação técnica em produção de áudio e vídeo me permitiu entender como as coisas funcionam nessa área. Se surgisse uma oportunidade, já estaria preparada para mostrar o que sou capaz de fazer”, declara a estudante.


Atualmente, aos 17 anos, Sophia tem planos de seguir profissionalmente na indústria cinematográfica. Mais especificamente, a estudante pretende se tornar diretora de fotografia: “gosto muito dessa comunicação mais sutil. A maneira como uma cena é iluminada ou enquadrada, por exemplo, ajuda a contar a história. Acho isso muito divertido”, explica.

A descoberta da vocação cinematográfica

Por mais de uma década, Daniel Quintanilha trabalhou com audiovisual sem ter uma formação formal na área, com conhecimentos adquiridos de forma autônoma. Porém, em 2023, decidiu realizar o primeiro curso na área e fazer a qualificação profissional de eletricista de audiovisual no SENAI-RJ. Depois, decidiu começar outra qualificação como operador de câmera.

Além da especialização, as formações proporcionaram a primeira oportunidade de trabalho no desenvolvimento de filmes. Por indicação do coordenador de curso, Daniel entrou para a equipe do vindouro longa-metragem “Gambiarra: Uga-Uga Show”, trabalhando com a pré-produção e o making-of. “Está sendo uma experiência bem legal. Consigo ver de perto aquilo aprendido em sala. Também tenho a chance de aprender a trabalhar com uma equipe grande”, conta o profissional.

Daniel, que trabalhava somente com cobertura de eventos e projetos de publicidade, se encantou pela produção cinematográfica. No momento, pretende começar um novo curso no SENAI-RJ, dessa vez como técnico de produção de áudio e vídeo. Além disso, já tem metas para o futuro e almeja se tornar diretor de fotografia.

Homem, vestido com uma camiseta preta e uma camisa xadrez vermelha, mexe em uma câmera fotográfica.
Entre outras áreas, Daniel se interessa particularmente por fotografia, almejando se tornar diretor de fotografia no futuro.

Futura cineasta investe no ensino superior e técnico

Ter uma formação é bom, mas ter duas formações é melhor ainda. Com esse pensamento, Laysa Pinheiro está realizando uma graduação em cinema e audiovisual e, ao mesmo tempo, conclui um curso técnico de multimídia no SENAI-SP. Anteriormente, a estudante tentou seguir em arquitetura, mas a experiência só destacou que sua vocação estava na indústria cinematográfica. Em 2022, ela iniciou a faculdade e, em 2023, ingressou no SENAI-SP.

Ao iniciar no curso técnico de multimídia, a futura cineasta visava aprimorar suas habilidades e conhecimentos técnicos. Escolheu a formação que abrangia o máximo de segmentos possíveis, como fotografia, edição de vídeo e áudio, entre outros. “Eu coloquei na balança e vi que seria muito mais fácil fazer um curso que aborda um pouco de tudo”, explica a estudante.

Atualmente, aos 20 anos, Laysa pensa em seguir em diferentes áreas da indústria cinematográfica. A jovem se interessa por preservação e restauração de material, assim como tem apreço pela crítica especializada e pela direção de fotografia. “Como a produção cinematográfica é gigantesca, eu estarei de braços abertos para as oportunidades que surgirem”, afirma a estudante.

Mulher de camiseta branca com uma câmera fotográfica nas mãos
Laysa destaca a importância de se investir no cinema nacional e na "difusão das produções brasileiras entre a população".

Novas oportunidades por meio da formação

Desde à juventude, Noel Filho se interessava pelo audiovisual. Aos 21 anos, começou a participar de oficinas para se aprofundar na área. Anos depois, decidiu ingressar no curso de eletricista audiovisual do SENAI-SP. Enquanto realizava a formação, foi indicado por um colega para trabalhar em uma produtora de publicidade, onde criou uma rede de contatos e, futuramente, o levou à produção de séries e filmes.

“No meu caso, basicamente entrei para o mundo do cinema porque eu fiz o curso do SENAI. Então, para quem quer trabalhar nesse setor, mais especificamente em funções técnicas, é essencial procurar uma formação. Assim, quando você conseguir uma oportunidade e chegar no set de filmagens, você terá mais facilidade de entender e trabalhar dentro da dinâmica de produção”, explica o profissional.

Aos 39 anos, Noel, que antes trabalhava somente com projetos de publicidade, se encantou pela produção cinematográfica. No momento, seu principal objetivo no mercado audiovisual é se aprimorar cada vez mais no cargo de primeiro assistente de elétrica, e pretende "sempre aprender coisas novas para ser um profissional melhor”.

Homem de camiseta preta ajustando aparelhos de iluminação.
Noel explica que "ao gravar durante o dia, usamos muita luz natural e complementamos com iluminação artificial".

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