A indústria é delas: mulheres conquistam espaço no setor industrial

Trajetória de estudantes do SENAI mostra que as mulheres superam desafios e assumem profissões historicamente masculinas

Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) está presente na vida dos brasileiros há 76 anos. Nesta semana, em que se comemora o Dia Internacional da Mulher, no dia 8 de março, a Agência CNI de Notícias preparou uma homenagem para elas. Separamos exemplos de estudantes que fizeram cursos na instituição e conquistaram espaço no mercado de trabalho nas mais diversas áreas, mostrando que, no século 21, lugar de mulher é onde ela quiser.

 

"O mundo mudou e nós, mulheres, estamos cada vez mais apaixonadas pelo universo dos projetos e do concreto" - Lívia Querubim Souza de Rezende, 23 anos

Lívia sempre se identificou com as matérias de ciências exatas. Ao concluir o ensino médio, conseguiu uma bolsa integral para cursar Engenharia Civil. Durante a graduação, aprendeu muita teoria, mas queria mais. “Senti falta da prática, de ‘botar a mão na massa’ e conhecer a fundo o universo incrível da construção”, conta. Foi então que decidiu inscrever-se no curso de Construtor de Edificações, do SENAI de São Paulo.

“No SENAI, eu realmente entendi que meu lugar era nas obras”, lembra. Mesmo sabendo que a área de Construção Civil é dominada pelos homens, Lívia não se abalou: “nunca deixei de acreditar que eu poderia, sim, estar no meio dos homens, comandado e aprendendo”, afirma.

 

“Agora que virei minha própria mecânica, posso garantir que não há nada que a gente não possa fazer!” - Daniella Maria Lima, 38 anos

A acreana Daniella Maria estava cansada de pagar por serviços que muitas vezes não eram necessários em seu carro. Em 2013, quando deixou de trabalhar como assistente administrativa de uma ONG, após voltar de licença maternidade, decidiu cursar Mecânica e Eletricidade Automotiva no SENAI. “O primeiro dia de aula foi bastante constrangedor. Entrei em uma sala cheia de homens e todos me olharam dos pés à cabeça. Eu era a única mulher”, conta.

Mas Daniella não desistiu. Concluiu o curso e foi em busca de experiências. Conseguiu um estágio não remunerado em uma oficina e começou a investir em material e em serviços a domicílio. Em 2014, com a ajuda de familiares, alugou um pequeno ponto e abriu a própria oficina, o Rapidão Troca de Óleo. Apostou no atendimento didático e personalizado voltado para mulheres e, um ano depois, precisou alugar um novo espaço para expandir o empreendimento. Sua iniciativa foi reconhecida nacionalmente ao receber, em 2015, o Prêmio SEBRAE Mulher de Negócio.

Daniella Maria Lima fez um curso técnico em Mecânica e abriu o próprio negócio voltado para mulheres

"Fui contratada como soldadora, antes da conclusão do curso" - Camilla Aparecida Batista, 27 anos

Camilla formou-se soldadora ao arco elétrico pelo SENAI de Catalão (GO). No período do curso, teve aulas práticas na John Deere, empresa parceira do SENAI. Seu esforço e dedicação fizeram com que fosse contratada antes mesmo de concluir a qualificação. A jovem relata que o apoio do SENAI foi fundamental para conquistar a oportunidade de emprego. “Possuo deficiência auditiva e sempre quis ingressar no mercado de trabalho, e isso só foi possível por meio do curso do SENAI”, comemora.

 

“Eu faço o que amo” - Juli Karolayne Pereira da Silva, 20 anos

Juli Karolayne Pereira da Silva sempre gostou da área industrial principlamente de mecânica e elétrica. "Eu já tinha o curso de Eletricista de Manutenção. Quando vi a vaga para o curso de Manutenção de Manutenção de Locomotiva e Vagões, na mesma hora eu quis me inscrever, no SENAI de Cubatão (SP)." Juli conta que mesmo com o preconceito pelo curso escolhido, ela faz o que ama. “Apesar de muitas pessoas me falarem que mecânica não é para mulher, eu não me vejo trabalhando em outro setor”, diz.

 

"Quero ser uma grande líder e romper as barreiras da mulher na Construção" - Thais Aparecida Soares Bento, 21 anos

Thais cursou o ensino fundamental e médio na rede SESI, onde teve o primeiro contato com o SENAI. A estudante interessou-se por muitas áreas, mas a que mais chamou sua atenção foi a área da construção civil. Thais conta que no início do curso queria seguir a área exclusivamente pelos desenhos e pelos projetos. "Conhecendo melhor o curso, pude perceber a variedade de assuntos e de profissões que a Construção Civil abrange", explica. Hoje, ela é técnica em Edificações. "Busco cada vez mais me aperfeiçoar na área, pois quero ser uma grande líder e romper as barreiras da mulher na Construção", destaca. 

 

"Os obstáculos devem ser vencidos e servir como experiência para o futuro" - Maria Ione Barbosa de Brito, 22 anos

Maria Ione viu sua carreira decolar depois de formar-se técnica em Segurança do Trabalho pelo SENAI de Juazeiro do Norte.  Mesmo com dificuldades, ela dedicava-se ao curso. “Trabalhar o dia inteiro e estudar no período da noite era cansativo. Mas o curso me trouxe oportunidades”, lembra, agradecida.

Ela teve o primeiro contato com a profissão por meio de estágio supervisionado. "Lá descobri um potencial que até então eu mesma desconhecia". Logo depois da colação de grau Maria ingressou no mercado de trabalho. Hoje, atua em uma das melhores empresas da região. “Tenho muito orgulho da pessoa e da profissional que me tornei. Sei que ainda tenho muito a aprender e busco aprimorar minhas técnicas diariamente”, completa. 

 

"O SENAI foi na minha vida a porta para o sucesso" - Gessika Guirelli de Oliveira, 25 anos

"O SENAI foi uma porta para o sucesso". É assim que a ex-aluna do curso técnico em Segurança do Trabalho, Gessika Guirelli de Oliveira, define sua experiência com o SENAI. Nascida em Natal (RN) e criada em Macapá (AP), Gessika buscava um desafio a mais na época da graduação. Investiu no curso técnico e hoje sente-se realizada com sua carreira. “Havia uma troca de conhecimento e eu cresci não só como profissional, mas também como ser humano", destaca.

Gessika sentia falta de algo mais durante a graduação, por isso investiu em um curso técnico

"Mas aos poucos a mulher conquista e tem por mérito o seu lugar ao seu mundo, de sua escolha, sem seguir tendências e padrões, conseguimos ainda assim, ser mulher (feminina)", Tarlen Freitas

Tarlen Freitas teve contato com a metalurgia ainda quando fazia o curso de Inspetor de Qualidade no SENAI. "Passei a pesquisar mais sobre o assunto e foi aí que conheci a soldagem e achei ainda mais desafiador", relata. Tarlen conta que a Soldagem tem relevância não apenas no quesito profissional, mas também no social, ainda mais quando relacionada à questão de gênero.

"A reação das pessoas quando sabem que faço o curso técnico de Soldagem é sempre de surpresa", destaca. Segundo Tarlen, as pessoas questionam se ela era a única da sala. "Sempre brincam comigo falando que eu era a única da turma e eles estão certos, era só eu em meio a 35 alunos." Isso era o que mais estimulava Tarlen a fazer o curso. "Isso mostra o quanto eu sou capaz de estar no curso e executar aquilo que eles fazem tão bem quanto eles', ressalta.

 

“Nunca tinha manuseado uma máquina antes. Mas fui contratada antes mesmo de concluir o curso" - Maria Adriana, 37 anos

Maria Adriana, residente na cidade de Campo Maior, no Piauí, concluiu o curso de Costureiro Industrial do Vestuário no SENAI. Dona de casa e mãe de três filhos, nunca tinha manuseado uma máquina. No curso, aprendeu como funcionam os equipamentos industriais de produção e dominou a arte de costurar. “Mesmo antes da conclusão do curso fui convidada por duas empresas para trabalhar na área. Graças ao SENAI, hoje tenho uma profissão definida”. 

 

"É gratificante vivenciar essa evolução das mulheres no trabalho que é julgado masculino" - Joyce Herculano Pascoal, 23 anos

Joyce ingressou no curso técnico de Metalurgia, no SENAI de Osasco (SP), para buscar uma grade curricular mais completa. Porém, ela mesma tinha uma percepção errada sobre a profissão. "Até os dias de hoje, existe um grande preconceito na metalurgia. As pessoas acham que é somente uma linha de produção de peças mecânicas. Mas, na verdade, é outro mundo", afirma.

A diferença na quantidade de alunos do gênero masculino foi notada ao longo do curso. "Na minha turma de 30 alunos, havia somente quatro meninas", destaca. Hoje, Joyce trabalha em uma equipe com cinco homens e afirma que não existe discriminação. "É um trabalho muito saudável", conta. 

Joyce em aula de montagem de canais de alimentação para fundição de peça no processo de cera perdida

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