Indústria enfrenta dificuldades para voltar a crescer, aponta CNI

Sondagem Industrial da CNI mostra que a produção voltou a cair e a ociosidade continua alta no setor. Mas os empresários mantêm o otimismo em relação à demanda, à compra de matérias-primas e às exportações

A produção e o emprego na indústria voltaram a cair. Em abril, o índice de evolução da produção ficou em 48,8 pontos e o de emprego foi de 49,2 pontos, informa a Sondagem Industrial, divulgada nesta quinta-feira (24) pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). Os dois indicadores continuam abaixo da linha divisória dos 50 pontos, que separa o aumento da queda da produção e do emprego. Isso confirma a dificuldade de recuperação do setor.

Mesmo assim, a CNI observa que a queda da produção em abril deste ano foi menos intensa do que a registrada no mesmo mês dos anos anteriores e que o emprego apresentou certa estabilidade. A utilização da capacidade instalada ficou em 66% na passagem de março para abril. Embora esse valor esteja acima do registrado no mesmo mês de 2016 e 2017, a utilização da capacidade instalada do mês passado está 3 pontos percentuais abaixo da média histórica para abril. A pesquisa mostra ainda que os estoques estão praticamente ajustados ao planejado pelas empresas. O índice de evolução dos estoques em relação ao planejado ficou em 50,4 pontos em abril, próximo à linha divisória dos 50 pontos.

"A recuperação menos intensa do que o esperado e uma certa frustração com os efeitos da queda dos juros básicos sobre o custo dos empréstimos podem estar na base das dificuldades para a retomada de um crescimento mais vigoroso na indústria”, avalia o gerente-executivo de Política Econômica da CNI, Flávio Castelo Branco.  “As incertezas naturais de um processo eleitoral sem candidaturas ainda claramente posicionadas é outro fator que limita o ritmo de recuperação da atividade”, completa Castelo Branco.

EXPECTATIVAS E INVESTIMENTOS - De acordo com o levantamento, os indicadores de expectativas dos empresários sobre a demanda, a compra de matérias-primas e a quantidade exportada tiveram uma leve queda em maio. Mas continuam acima da linha divisória de 50 pontos, mostrando que os industriais esperam o aumento da demanda, das compras de matérias-primas e das exportações nos próximos seis meses. Os indicadores de expectativa variam de zero a cem pontos. Quando estão acima de 50 pontos mostram que os empresários estão otimistas.

"O índice de expectativa de número de empregados é o único próximo à linha divisória de 50 pontos, refletindo a estabilidade para os próximos seis meses", diz a pesquisa. O indicador de expectativa de número de empregados ficou em 49,9 pontos em abril, valor 0,9 ponto inferior ao de março.

O indicador de intenção de investimentos ficou em 52,2 pontos em maio, praticamente o mesmo de abril. "No entanto, na comparação com fevereiro, o indicador acumula uma queda de 1,4 ponto", informa a pesquisa. O índice de intenção de investimento varia de zero a cem pontos. Quanto maior o índice, maior a propensão dos empresários para investir.

Esta edição da Sondagem Industrial foi feita de 2 a 14 de maio com 2.132 empresas. Dessas, 879 são pequenas, 755 são médias e 498 são de grande porte.

SAIBA MAIS - Acesse a página da Sondagem Industrial para conhecer todos os detalhes da pesquisa.

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