Com coronavírus, 53% das empresas têm queda intensa na demanda, diz pesquisa da CNI

Consulta à indústria mostra que 49% das empresas relataram cancelamento de pedidos como um dos principais impactos. Para 70%, houve queda no faturamento

A pandemia do novo coronavírus causou uma queda na demanda por produtos e serviços para 79% das empresas, sendo que 53% relatam queda intensa, mostra consulta realizada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) na base do setor. Uma parcela de 5% registra aumento da demanda e 2%, aumento intenso.

A consulta foi realizada com 734 empresas de pequeno, médio e grande portes entre 26 e 27 de março. A queda no faturamento é o principal impacto da pandemia do novo coronavírus, apontada como um dos três principais por 70% das empresas industriais consultadas. Em segundo lugar, vem o cancelamento de pedidos e encomendas, escolhido por 49%, seguido por queda na produção, com 33%, e paralisação da produção, com 30%.

Segundo o documento, o cenário atual, conjugado à continuidade de despesas regulares das empresas (salários, tributos, energia, aluguel etc) e à queda na liquidez no mercado financeiro, causam preocupação com a sobrevivência das empresas.

“O governo brasileiro precisa intensificar as ações de combate à covid-19 e de ajuda à população e às empresas. O uso de recursos públicos deve ser direcionado ao fortalecimento do sistema de saúde e ao alívio da situação financeira das empresas, com a finalidade de preservar os empregos”, recomenda o relatório da CNI.

Preservação de vidas, com sobrevivência das atividades produtivas

O presidente da CNI, Robson Braga de Andrade, reforça que a prioridade é a preservação das vidas, seguindo as recomendações da Organização Mundial de Saúde (OMS). Segundo ele, é também necessário estabelecer, com urgência, uma estratégia e um planejamento para se promover uma retomada responsável, segura e gradativa da atividade econômica, uma vez que os impactos já são significativos e não poderão ser suportados pela indústria por muito tempo.

Segundo o presidente da CNI, há grande preocupação com a manutenção do emprego no setor industrial.  “Precisamos ter o equilíbrio necessário para retomar a atividade em alguns meses. Tem que procurar evitar a demissão. Até porque isso traria consequências posteriores, afirma o presidente da CNI. 

O cenário traçado na consulta reforça a importância de medidas coordenadas entre setores público e privado para que o impacto sobre o emprego seja reduzido e a volta da recuperação da economia não seja ainda mais lenta e mais difícil. 

Pandemia trouxe efeitos sobre logística e produção

No que diz respeito à logística de transporte dos produtos, insumos ou matérias-primas, 38% das empresas dizem enfrentar muita dificuldade; 45% pouca dificuldade; e 17% afirmam não ter problemas. Ao todo, 37% das empresas relatam ter muita dificuldade para conseguir insumos ou matérias-primas. Uma parcela de 49% relata ter pouca dificuldade; e 15% dizem não enfrentar problemas para conseguir esses itens.

A pesquisa perguntou, também, como a produção das empresas está sendo impactada pela pandemia da covid-19. Ao todo, 23% das empresas apontam que a produção está parada por tempo determinado; 18% por tempo indeterminado; 19% relataram queda intensa na produção; 21% relataram queda; 15% estabilidade; 4% aumento; e 1% aumento intenso.

Com coronavírus, quase 60% das empresas adotaram o home office

A crise causada pela pandemia do novo coronavírus obrigou as empresas a tomar uma série de medidas com relação aos seus funcionários, tanto para evitar a disseminação da doença quanto em resposta à queda na demanda e, consequentemente, da produção.

A adoção de trabalho domiciliar (home office) é a mais utilizada: 58% das empresas consultadas adotaram a prática. No entanto, como se trata de indústria, a alternativa não se aplica à maior parte dos trabalhadores. Outra medida relativa à segurança de saúde ao trabalhador é o afastamento de empregados com sintomas, decisão tomada por 46% das empresas consultadas.

Parcela considerável das empresas ouvidas (47%) concedeu férias aos trabalhadores, no intuito de diminuir a disseminação da doença mas também como uma reação à queda na produção. Outras ações são o uso de banco de horas, que permite o trabalhador se ausentar nesse momento e compensar o tempo não trabalhado mais tarde (35%)

Note-se que a dispensa/demissão do trabalhador foi adotada por 15% das empresas consultadas e que 13% reduziram a jornada de trabalho.

Empresas relatam dificuldades para honrar despesas rotineiras

Questionadas sobre a disponibilidade financeira para lidar com pagamentos de rotina (tributos, fornecedores, salários, energia elétrica e aluguel), 42% das empresas dizem enfrentar uma situação muito difícil. Um percentual de 31% relata uma situação difícil; 24%, nem fácil nem difícil; 2%, fácil; e 1%, muito fácil.

No que diz respeito ao capital de giro, 39% das empresas dizem que não buscaram recursos. Considerando apenas as que buscaram capital de giro, para 45%, está muito mais difícil conseguir acessar as linhas de financiamento. Uma parcela de 33% disse que está mais difícil. Para 20%, esse cenário segue inalterado e, para 2%, está mais fácil.

Acesse a íntegra da consulta empresarial na página de Estatísticas da CNI 

A Indústria contra o coronavírus: vamos juntos superar essa crise

Acompanhe todas as notícias sobre as ações da indústria no combate ao coronavírus na página especial da Agência CNI de Notícias.

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