Parceria entre CNI e Instituto Rio Branco leva diplomatas ao chão de fábrica

Programa de imersão inclui visitas técnicas a empresas, pólos industriais, portos e institutos de pesquisas. Ideia é criar uma interação do Sistema indústria e o corpo diplomático desde o início de sua carreira

Ao longo de sua carreira os diplomatas promovem os interesses brasileiros no plano internacional e tratam de temas que afetam diretamente o setor privado brasileiro, como energia, comércio internacional e questões financeiras. Diante disso, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) firmou parceria com o Instituto Rio Branco em 2017 e, neste ano, 30 formandos do instituto participam do “Programa de Imersão na Indústria Brasileira para Diplomatas Brasileiros”. 

Pelo projeto, os diplomatas, que começam na carreira como terceiros-secretários, acompanham o dia a dia da indústria por pelo menos três dias, em semanas alternadas, em três estados brasileiros. Entre os dias 12 e 16 de março, o grupo de 30 diplomatas estará no Rio Grande do Sul. Os profissionais já passaram por Rio de Janeiro e Ceará. A imersão é acompanhada pela federação de indústria do estado. 

“Queremos dar aos diplomatas brasileiros o conhecimento e vivência prática a respeito da indústria nacional e suas especificidades regionais. A CNI avalia que essa iniciativa vai contribuir para fortalecer o diálogo da indústria com o Itamaraty”, explica o diretor de Desenvolvimento Industrial da CNI, Carlos Abijaodi. 

INSTITUTO RIO BRANCO – De acordo com o diretor-geral do Instituto Rio Branco, embaixador José Estanislau do Amaral Souza Neto, o programa de imersão equivale a muitas horas de aula e proporciona ao diplomata a oportunidade de “ver o setor privado pelos olhos do setor privado”.

“Existe um desconhecimento relativo dos alunos do que é a indústria. Eu falo na média, porque a maior parte dos alunos vêm de escolas de Direito e de Relações Internacionais. Poucos fizeram economia ou administração. Então, o contato com o setor produtivo é esporádico e em algum momento da carreira, esses diplomatas vão defender os interesses do setor privado brasileiro, seja no setor comercial de uma embaixada ou num organismo internacional”, explica o embaixador.

O terceiro-secretário Diogo Alves Reis, 34 anos, diz que ficou impressionado ao conhecer o funcionamento do Porto de Pecém, no Ceará, e do Porto do Rio de Janeiro, além do potencial das indústrias nos estados. Segundo ele, foi possível conhecer a estrutura de logística, os procedimentos de importação e exportação e os diferentes modelos de gestão, quando há a presença forte do estado e onde a inciativa privada é a responsável. “Essas visitas às empresas tornam ainda mais clara a importância do papel das embaixadas na defesa dos interesses brasileiros”, completa o diplomata. 

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