Como a indústria contribui com o uso eficiente de água?

Confira lista com iniciativas de sucesso em sete setores industriais que comprovam o comprometimento do segmento com a gestão hídrica eficiente

Responsável por 21% de participação no Produto Interno Bruto (PIB), o setor industrial consome 10% da água captada para uso no Brasil. Esses números mostram a eficiência da indústria no consumo desse recurso, indispensável para o desenvolvimento econômico de países e para a sobrevivência humana. Os investimentos são realizados em diversas iniciativas, como reaproveitamento de água de um processo produtivo em outro, sistemas alternativos de captação como água da chuva, restritores de vazão nas águas das torneiras e conscientização de colaboradores para a economia de água.

Mesmo com todos esses avanços, a indústria quer ir além e ser cada vez mais parte da solução para o consumo eficiente da água. Nesta semana, quando se comemora o Dia Mundial da Água, a Agência CNI de Notícias apresenta esta lista com iniciativas bem-sucedidas de uso eficiente da água em sete segmentos industriais: automobilístico, florestas plantadas, mineração, químico, alumínio, cimento e construção. Confira:

1. Automobilístico

A indústria automobilística reduziu em 50% o uso de água na fabricação de veículos entre 2008 e 2013. Entre as ações adotadas estão sistema de reúso de água, sistemas alternativos de captação, especialmente da chuva e de poços, sistemas de reciclagem de água no processo produtivo e restritores de vazão nas águas das torneiras. Entre as experiências de destaque estão a da FIAT, que reaproveita 99% da água no processo produtivo, e a da Volkswagen do Brasil, que reduziu em 6,6% o consumo de água para produção de veículos nos últimos três anos.

2. Florestas plantadas

A indústria de base florestal – celulose, papel, pisos, painéis e carvão vegetal -  contribui efetivamente com o uso racional da água tanto na base florestal quanto no processo industrial. As modernas práticas de manejo florestal, os mosaicos de florestas plantadas e nativas, a participação ativa em fóruns e comitês de bacias hidrográficas em diferentes regiões do país são algumas das ações permanentes de empresas para otimizar o uso da água.

Dentro das fábricas, investe-se em modernização tecnológica, sistemas de reúso e melhores práticas de gestão para captar a menor quantidade possível de água possível e devolvê-la à origem com qualidade, muitas vezes, superior à da captada. Na prática, os resultados mostram que, no processo industrial, o uso de água caiu drasticamente nos últimos 40 anos, passando da faixa média de 190m³/t de celulose, na década de 1970, para uma faixa entre  22 a 40 m³/t.

3. Mineração

A água é essencial para as operações do setor de mineração e, por causa do nível de dependência do setor, há uma natural produção de estudos que contribuem para a promoção do conhecimento em relação ao uso dos recursos hídricos em área de influência das operações. O segmento participa ainda de fóruns do sistema hidrológico, como os comitês de bacia, e desde 2000, o Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram) conta com o Programa Especial de Recursos Hídricos, que fortalece a participação do setor no processo de formulação de políticas públicas de recursos hídricos.

Além disso, empresas promovem campanhas educativas voltadas a funcionários e contratados, para a identificação e eliminação de vazamentos, planos de monitoramento de vazão, estudos de disponibilidade hídrica no desenvolvimento de novos projetos e a implantação de sistemas de reutilização de água.

4. Químico

A indústria química reduziu em 25% a captação de água entre 2006 e 2016. Além disso, o potencial poluidor dos efluentes gerados pelo setor tem sido reduzido ao longo dos anos, resultado da otimização dos processos, redução de vazamentos, melhorias nos ciclos de lavagem dos equipamentos e segregação de descartes.

Além disso, 7% de todo efluente gerado foi recuperado para uso industrial em 2015. Para ajudar as empresas do segmento a melhorar a eficiência de uso da água, a Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim) lançou, em 2016, o Manual de Gestão Eficiente de Recursos Hídricos, com o objetivo disseminar boas práticas às empresas de pequeno e médio portes.

5. Alumínio

Empresas do setor de alumínio investem cada vez mais em sistemas de gerenciamento do consumo de água. A Albras, por exemplo, lançou em 2009 o projeto Gota Zero, baseado em um sistema para monitoramento do desperdício de água. A partir da iniciativa, a indústria adotou medidas de reúso, recirculação e redução do consumo.

Já a Alcoa desenvolveu um projeto em parceria com a Ambev, maior fabricante de cervejas da América Latina, para reaproveitar nas operações de refinaria da Alumar, no Maranhão, parte dos mais de 3 mil metros cúbicos de água que a cervejaria trata em sua Estação de Tratamento de Efluentes Industriais e descartava, diariamente, no Rio Pedrinhas. Dessa forma, a empresa complementa necessidades industriais e evita o uso de água de poços artesianos.

6. Cimento

Atualmente 99% do parque industrial de produção de cimento emprega o processo via seca e a água é utilizada nas torres de arrefecimento e injeção nos moinhos para o resfriamento do material, representando um consumo de 100 litros por tonelada de clínquer. A água empregada para resfriamento dos gases é absorvida no processo e liberada na forma de vapor, sem nenhum contaminante, enquanto que a utilizada para resfriar os equipamentos passa por separadores de óleo e é reaproveitada.

A Iniciativa para a Sustentabilidade do Cimento (CSI), lançou em 2013, a ferramenta global da água para o setor de cimento, disponível online, para ajudar as indústrias de cimento a avaliar melhor seu portfólio de risco hídrico e, portanto, tornar o gerenciamento do uso da água mais eficiente. Já a Companhia Brasileira de Alumínio (CBA) realizou investimentos em sistema de reaproveitamento e hoje recircula 98,9% de sua água.

7. Construção

Cada vez mais, a eficiência hídrica é aspecto central em projetos de engenharia e arquitetura, que levam em conta os sistemas hidráulicos de alimentação, reserva e distribuição e consideram a medição individualizada, zonas de pressão, entre outros. Em sistemas de suprimento de água são consideradas a prevenção de perdas e as soluções para impedir o uso excessivo do recurso.

Essas questões também são observadas na seleção de modelos de equipamentos usados como duchas, bacias sanitárias, lavatórios, aquecedor de gás, máquina de lavar roupa, tanque, filtro de água, pia de cozinha etc. 

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